Por que parei de dançar?

Luiza Lunardi
2 min readSep 4, 2021

Quando era mais nova, ainda criança
lembro que gostava de rodopiar, dançando
girava de uma ponta a outra da sala de aula de teoria de música
enquanto os que tocavam bem os instrumentos
(nunca foi meu caso, mesmo estudando flauta)
enquanto os que tocavam bem davam seu melhor nos improvisos de notas
eu improvisava em rodopios
pontas, padedês, saltos, espacarte, só por dançar
a ponto de o professor se virar e dizer:
- Ora, Luiza, não sabia que você dançava! E tão bem assim!
e a verdade era que eu dançava sim, fiz até balé
mas deixei de dançar em público aos poucos
me achava desengonçada
alta demais, sem tato demais, sem gingado
passei a só sambar (e eu sei que samba é dança, nunca disse o contrário)
porque sabia que no samba eu me garantia
quer dizer, sempre achei, mas depois de um tempo parei de achar também
e passei a ficar de lado quando tinha dança
melhor só observar quem dança bem
me resignar a ser a tímida que fica encostada na parede
crescer é cruel né?
dói e amarga o peito de quem dançava
hoje me peguei ouvindo músicas de quando eu dançava
e decidi dançar no banheiro
dancei muito, suei, dancei como eu dançava criança
e estou até agora me perguntando
por que mesmo eu parei de dançar?
agora que estou mais perto dos 30 do que da adolescência
acho que voltarei a dançar
(ou pelo menos tentar)
quando danças puderem ser dançadas.

Depois de um ano e meio trancada em casa e muito tempo longe dessa rede, a autora teve uma súbita inspiração para escrever sobre a dança. Ela pede desculpas desde já pelo uso exaustivo da palavra “dança”, mas é que a inspiração não foi das maiores e nem das mais duradouras a ponto de surgirem outros termos. O texto não reflete a opinião geral e nem o estado de espírito cotidiano deste blog. É só um poeminha proseado ruim, feito por uma não poeta.

--

--